Marcelo Santos faz alerta e denuncia uso da máquina pública por secretários com interesses eleitorais
A tensão pré-eleitoral chegou com força total ao plenário da Assembleia Legislativa do Espírito Santo (Ales). Durante a sessão desta quarta-feira (2), o presidente da Casa, deputado Marcelo Santos (União Brasil), fez uma denúncia contundente: secretários estaduais com pretensões eleitorais estariam coagindo cidadãos a declarar apoio às suas futuras candidaturas em troca de acesso a serviços públicos.
Sem citar nomes, Marcelo — aliado do governador Renato Casagrande — afirmou que alguns secretários estão confundindo suas funções administrativas com atuação político-eleitoral, utilizando a estrutura das secretarias como palanque antecipado. Ele classificou a situação como “vergonhosa” e alertou:
“Faço um alerta aos secretários de Estado: não confundam suas pastas com comitês eleitorais. A Assembleia Legislativa não permitirá essa coação a cidadãos que procuram serviços públicos e só são atendidos se declararem apoio político a um secretário que pretende disputar eleições no ano que vem.”
Segundo levantamento recente, ao menos dez secretários do governo estadual são considerados pré-candidatos — cinco à Câmara Federal e cinco à Assembleia Legislativa. A lista pode crescer com nomes como o da secretária Cyntia Grillo (Podemos), cotada para a disputa estadual. Isso sem contar presidentes de autarquias e outros cargos de segundo escalão.
Do lado do Legislativo, 24 dos 30 deputados estaduais pretendem buscar a reeleição, enquanto quatro miram vagas na Câmara Federal. O próprio Marcelo é pré-candidato a deputado federal desde 2022.
Em seu discurso, o presidente da Ales voltou a criticar a postura de alguns secretários:
“Tem secretário perguntando a prefeitos, vereadores e cidadãos em quem eles pretendem votar. Se a resposta não agrada, o atendimento não acontece. Isso não faz bem ao governador Renato Casagrande, nem à população capixaba.”
Marcelo garantiu que a Assembleia vai intensificar a fiscalização para evitar o uso indevido da máquina pública:
“Por enquanto, estamos fazendo ouvidos de mercador, mas vamos abrir os olhos. O que está ocorrendo em algumas secretarias é vergonhoso. A Assembleia tem papel constitucional de fiscalização e vamos agir diante de possíveis crimes eleitorais.”
Cinco deputados apoiaram publicamente a fala de Marcelo: Alcântaro Filho (Republicanos), José Esmeraldo (PDT), Coronel Weliton (PRD), Capitão Assumção (PL) e Lucas Polese (PL). Todos são pré-candidatos em 2026.
Esmeraldo cobrou mais firmeza:
“Marcelo deveria citar nomes. Eu mesmo recebo muitas denúncias sobre o Detran-ES e a Secretaria da Saúde.”
Os dois órgãos são dirigidos por pré-candidatos: Givaldo Vieira (PSB) e Tyago Hoffmann (PSB), respectivamente.
O deputado Danilo Bahiense (PL) também prometeu revelar nomes em breve:
“Recebo denúncias de que cidadãos só são atendidos se prometerem apoio a determinado candidato. Isso é um papelão vergonhoso.”
O líder do bloco independente (PL, Republicanos e PRD), Coronel Weliton, reforçou as críticas:
“Há secretários usando cargos públicos para campanha antecipada. Nosso bloco está sendo prejudicado. Eles estão ali para servir, não para se promover.”
Capitão Assumção classificou a conduta de alguns gestores como “covardia”:
“Estão de olho nas eleições de 2026, mas esquecem que foram nomeados para servir à população. Essa denúncia é gravíssima e precisa ser apurada.”
A fala do presidente da Assembleia marca um novo capítulo na tensão entre o Legislativo e o Executivo, acirrada pelas movimentações pré-eleitorais dentro do próprio governo.



Publicar comentário